segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Psicanálise

A psicanálise



"Os sonhos são uma pintura muda, em que a imaginação a portas fechadas, e às escuras, retrata a vida e a alma de cada um, com as cores das suas ações, dos seus propósitos e dos seus desejos."
Padre Vieira, no Sermão de São Francisco Xavier Dormindo


"Cabe um esclarecimento inicial ao leitor: eu procurei montar esta página com o pensamento original de Freud, apesar de estar consciente de que vários dos postulados originais da psicanálise foram revisados e modificados - vários deles considerados ultrapassados pelo próprio Freud em seus últimos anos. Também não abordarei aqui a doutrina freudiana em toda a sua extensão e implicações. Por isso, aconselho o leitor a procurar um psicanalista licenciado que possa orientá-lo corretamente nessa matéria.
A Psicanálise é ao mesmo tempo um modo particular de tratamento do desequilíbrio mental e uma teoria psicológica que se ocupa dos processos mentais inconscientes; uma teoria da estrutura e funcionamento da mente humana e um método de análise dos motivos do comportamento; uma doutrina filosófica e um método terapêutico de doenças de natureza psicológica supostamente sem motivação orgânica. Originou-se na prática clínica do médico e fisiologista Josef Breuer, devendo-se a Sigmund Freud (1856-1939) a valorização e aperfeiçoamento da técnica e os conceitos criados nos desdobramentos posteriores do método e da doutrina, o que ele fez valendo-se do pensamento de alguns filósofos e de sua própria experiência profissional.
A formulação da Psicanálise representou basicamente a consolidação em um corpo doutrinário de conhecimentos existentes, como a estrutura tripartite da mente, suas funções e correspondentes tipos de personalidade, a teoria do inconsciente, o método terapêutico da catarse, e toda a filosofia pessimista da natureza humana difundida na época. Além de alicerçar-se - como método terapêutico -, nas descobertas do médico austríaco Josef Breuer, como doutrina tem em seus fundamentos muito do pensamento filosófico de Platão e do filósofo alemão Arthur Schopenhauer. No entanto, ao serem esses conhecimentos incorporados na Psicanálise, foi aberto o caminho para um número grande de conceitos subordinados que eram novos, como os de atos sintomáticos, sublimação, perversão, tipos de personalidade, recalque, transferência, narcisismo, projeção, introjeção, etc. A psicanálise constituiu-se, por isso, em um modo novo de abordar as condições psíquicas correspondentes a estados de infelicidade e a comportamentos anti-sociais, e deu nascimento ao tratamento clínico psicológico e psiquiátrico moderno.
A extraordinária popularidade da psicanálise poderá, talvez, ser explicada, em parte, pela sua ousada concepção da motivação humana, ao colocar o sexo - objeto natural de interesse das pessoas e também sua principal fonte de felicidade -, como único e poderoso móvel do comportamento humano. O mundo civilizado, pouco antes chocado com a tese evolucionista de que o homem descendia dos chimpanzés, já não se surpreendia com a tese de que o sexo dominava o inconsciente e estava subjacente a todos os interesses humanos. A novidade foi recebida com divertido espanto e prazerosa excitação. Em que pese os detalhes picarescos de muitas narrativas clínicas, a abordagem do sexo sob um aspecto científico, em plena era vitoriana, representou uma sublimação (para usar um conceito da própria psicanálise) que permitiu que a sexualidade fosse, sem restrições morais, discutida em todos os ambientes, inclusive nos conventos. Essa permeabilidade subjetiva confundiu-se com profundidade científica, e a teoria foi levada a aplicação em todos os campos das relações sociais, nas artes, na educação, na religião, em análises biográficas, etc. Porém, a questão da motivação sexual foi causa de se afastarem do círculo de Freud aqueles que haviam inicialmente se entusiasmado pela psicanálise como método de análise do inconsciente, entre eles Carl Jung, Otto Rank, e Alfred Adler que decidiram por outras teses, e fundaram suas próprias correntes psicanalíticas. No seu todo, a psicanálise foi fortemente contestada por outras correntes, inclusive a da fenomenologia, a do existencialismo, e a da logoterapia de Viktor Frankl.
O pensamento de Freud está principalmente em três obras: "Interpretação dos Sonhos", a mais conhecida, que publicou, em 1900; "Psicopatologia da Vida Cotidiana", publicada em 1901 e na qual apresenta os primeiros postulados da teoria psicanalítica, e "Três Ensaios sobre a Teoria da Sexualidade", de 1905, que contem a exposição básica da sua teoria.
Em "Mal Estar na Civilização", publicado em 1930, Freud lança os conceitos de culturas neuróticas, mais os conceitos de projeção, sublimação, regressão e Transferência. Em "Totem e Tabu (1913/14) e "O Futuro de uma Ilusão"(1927) expõe sua posição sobre a religião. Os postulados da teoria são numerosos, e seu exame completo demandaria um espaço muito extenso, motivo porque somente os aspectos usualmente mais conhecidos da doutrina e do método serão examinados nesta página.
Importância do instinto sexual. Freud notou que na maioria dos pacientes que teve desde o início de sua prática clínica, os distúrbios e queixas de natureza hipocondríaca ou histérica estavam relacionados a sentimentos reprimidos com origem em experiências sexuais perturbadoras. Assim ele formulou a hipótese de que a ansiedade que se manifestava através dos sintomas (neurose) era conseqüência da energia (libido) ligada à sexualidade; a energia reprimida tinha expressão nos vários sintomas neuróticos que serviam como um mecanismo de defesa psicológica. Essa força, o instinto sexual, não se apresentava consciente devido à "repressão" tornada também inconsciente. A revelação da "repressão" inconsciente era obtida pelo método da livre associação (inspirado nos atos falhados ou sintomáticos, em substituição à hipnose) e pela interpretação dos sonhos (conteúdo manifesto e conteúdo latente). O processo sintomático e terapêutico compreendia: experiência emocional - recalque e esquecimento - neurose - análise pela livre associação - recordação - transferência - descarga emocional - cura.
Estrutura tripartite da mente. Freud buscou inspiração na cultura Grega, pois a doutrina platônica com certeza o impressionou em seu curso de Filosofia. As partes da alma de Platão correspondem ao Id, ao Superego e ao Ego da sua teoria que atribui funções físicas para as partes ou órgãos da mente (1923 - "O Ego e o Id").
O Id, regido pelo "princípio do prazer", tinha a função de descarregar as tensões biológicas. Corresponde à alma concupiscente, do esquema platônico: é a reserva inconsciente dos desejos e impulsos de origem genética e voltados para a preservação e propagação da vida..
O Superego, que é gradualmente formado no "Ego", e se comporta como um vigilante moral. Contem os valores morais e atua como juiz moral. É a parte irascível da alma, a que correspondem os "vigilantes", na teoria platônica.
Também inconsciente, o Superego faz a censura dos impulsos que a sociedade e a cultura proíbem ao Id, impedindo o indivíduo de satisfazer plenamente seus instintos e desejos. É o órgão da repressão, particularmente a repressão sexual. Manifesta-se á consciência indiretamente, sob a forma da moral, como um conjunto de interdições e de deveres, e por meio da educação, pela produção da imagem do "Eu ideal", isto é, da pessoa moral, boa e virtuosa. O Superego ou censura desenvolve-se em um período que Freud designa como período de latência, situado entre os 6 ou 7 anos e o inicio da puberdade ou adolescência. Nesse período, forma-se nossa personalidade moral e social (1923 "O Ego e o Id").
O Ego ou o Eu é a consciência, pequena parte da vida psíquica, subtraída aos desejos do Id e à repressão do Superego. Lida com a estimulação que vem tanto da própria mente como do mundo exterior. Racionaliza em favor do Id, mas é governado pelo "princípio de realidade" ou seja, a necessidade de encontrar objetos que possam satisfazer ao Id sem transgredir as exigências do Superego. É a alma racional, no esquema platônico. É a parte perceptiva e a inteligência que devem, no adulto normal, conduzir todo o comportamento e satisfazer simultaneamente as exigências do Id e do Superego através de compromissos entre essas duas partes, sem que a pessoa se volte excessivamente para os prazeres ou que, ao contrário, imponha limitações exageradas à sua espontaneidade e gozo da vida.
O Ego é pressionado pelos desejos insaciáveis do Id, a severidade repressiva do Superego e os perigos do mundo exterior. Se submete-se ao Id, torna-se imoral e destrutivo; se submete-se ao Superego, enlouquece de desespero, pois viverá numa insatisfação insuportável; e se não se submeter á realidade do mundo, será destruído por ele. Por esse motivo, a forma fundamental da existência para o Ego é a angústia existencial. Estamos divididos entre o principio do prazer (que não conhece limites) e o principio de realidade (que nos impõe limites externos e internos). Tem a dupla função de, ao mesmo tempo, recalcar o Id, satisfazendo o Superego, e satisfazer o Id, limitando o poder do Superego. No indivíduo normal, essa dupla função é cumprida a contento. Nos neuróticos e psicóticos o Ego sucumbe, seja porque o Id ou o Superego são excessivamente fortes, seja porque o Ego é excessivamente fraco.
O inconsciente, diz Freud, não é o subconsciente. Este é aquele grau da consciência como consciência passiva e consciência vivida não-reflexiva, podendo tomar-se plenamente consciente. O inconsciente, ao contrário, jamais será consciente diretamente, podendo ser captado apenas indiretamente e por meio de técnicas especiais de interpretação desenvolvidas pela psicanálise.
Atos falhos ou sintomáticos. Os chamados Atos sintomáticos são para Freud evidência da força e individualismo do inconsciente: e sua manifestação é comum nas pessoas sadias. Mostram a luta do consciente com o subconsciente (conteúdo evocável) e o inconsciente (conteúdo não evocável). São os lapsus linguae, popularmente ditos "traição da memória", ou mesmo convicções enganosas e erros que podem ter conseqüências graves.
Motivação. Para explicar o comportamento Freud desenvolve a teoria da motivação sexual (sobrevivência da espécie) e do instinto de conservação (sobrevivência individual). Mas todas as suas colocações giram em torno do sexo. A força que orienta o comportamento estaria no inconsciente e seria o instinto sexual;
Fases do desenvolvimento sexual. Freud contribuiu com uma teoria das fases do desenvolvimento do indivíduo. Este passa por sucessivos tipos de caráter: oral, anal e genital. Pode sofrer regressão de um dos dois últimos a um ou outro dos dois anteriores, como pode sofrer fixação em qualquer das fases precoces. Essas fases se desenvolverão entre os primeiros meses de vida e os 5 ou 6 anos de idade, e estão ligadas ao desenvolvimento do Id:
(1) Na fase oral, ou fase da libido oral, ou hedonismo bucal, o desejo e o prazer localizam-se primordialmente na boca e na ingestão de alimentos e o seio materno, a mamadeira, a chupeta, os dedos são objetos do prazer;
(2) Na fase anal, ou fase da libido ou hedonismo anal, o desejo e o prazer localizam-se primordialmente nas excreções e fezes. Brincar com massas e com tintas, amassar barro ou argila, comer coisas cremosas, sujar-se são os objetos do prazer;
(3)Na fase genital ou fase fálica, ou fase da libido ou hedonismo genital, o desejo e o prazer localizam-se primordialmente nos órgãos genitais e nas partes do corpo que excitam tais órgãos. Nessa fase, para os meninos, a mae é o objeto do desejo e do prazer; para as meninas, o pai.
Tipos de personalidade. .
Aqueles que se detêm em seu desenvolvimento emocional, e por algum motivo se fixam em qualquer uma das fases transitórias (Freud. 1908), constituem tipos e subtipos de personalidade nomeados segundo a fase correspondente de fixação.
O tipo que se detém na fase oral é o Oral receptivo, pessoa dependente - espera que tudo lhe seja dado sem qualquer reciprocidade; ou o Oral sadístico, o que se decide a empregar a força e a astúcia para conseguir o que deseja. Explorador e agressivo, não espera que alguém lhe dê voluntariamente qualquer coisa.
O Anal sadístico é impulsivamente avaro, e sua segurança reside no isolamento. São pessoas ordenadas e metódicas, parcimoniosas e obstinadas.
O tipo genital é a pessoa plenamente desenvolvida e equilibrada
*
Complexos de Édipo. Depois de ver nos seus clientes o funcionamento perfeito da estrutura tripartite da alma conforme a teoria de Platão, Freud volta à cultura grega em busca de mais elementos fundamentais para a construção de sua própria teoria.
No centro do "Id", determinando toda a vida psíquica, constatou o que chamou Complexo de Édipo, isto é, o desejo incestuoso pela mãe, e uma rivalidade com o pai. Segundo ele, é esse o desejo fundamental que organiza a totalidade da vida psíquica e determina o sentido de nossas vidas. Freud introduziu o conceito no seu Interpretação dos Sonos (1899). O termo deriva do herói grego Édipo que, sem saber, matou seu pai e se casou com sua mãe. Freud atribui o complexo de Édipo às crianças de idade entre 3 e 6 anos. Ele disse que o estágio geralmente terminava quando a criança se identificava com o parente do mesmo sexo e reprimia seus instintos sexuais. Se o relacionamento prévio com os pais fosse relativamente amável e não traumático, e se a atitude parental não fosse excessivamente proibitiva nem excessivamente estimulante, o estagio seria ultrapassado harmoniosamente. Em presença do trauma, no entanto, ocorre uma neurose infantil que é um importante precursor de reações similares na vida adulta. O Superego, o fator moral que domina a mente consciente do adulto, também tem sua parte no processo de gerar o complexo de Édipo. Freud considerou a reação contra o complexo de Édito a mais importante conquista social da mente humana. Psicanalistas posteriores consideram a descrição de Freud imprecisa, apesar de conter algumas verdades parciais.
Complexo de Eletra. O equivalente feminino do Complexo de Édipo é o Complexo de Eletra, cuja lenda fundamental é a de Electra e seu irmão Orestes, filhos de Agamemnon e Clytemnestra. Eletra ajudou o irmão a matar sua mãe e o amante dela, um tema da tragédia grega abordado, com pequenas variações, por Sófocles, Eurípedes e Esquilo.
Narcisismo. Conta o mito que o jovem Narciso, belíssimo, nunca tinha visto sua própria imagem. Um dia, passeando por um bosque, encontrou um lago. Aproximou-se e viu nas águas um jovem de extraordinária beleza e pelo qual apaixonou-se perdidamente. Desejava que o jovem saísse das águas e viesse ao seu encontro, mas como ele parecia recusar-se a sair do lago, Narciso mergulhou nas águas, foi ás profundezas á procura do outro que fugia, morrendo afogado. Narciso morrera de amor por si mesmo, ou melhor, de amor por sua própria imagem ou pela auto-imagem. O narcisismo é o encantamento e a paixão que sentimos por nossa própria imagem ou por nós mesmos, porque não conseguimos diferenciar um do outro. Como crítica à humanidade em geral - que se pode vislumbrar em Freud - narcisismo é a bela imagem que os homens possuem de si mesmos, como seres ilusoriamente racionais e com a qual estiveram encantados durante séculos.
Mecanismos de defesa são processos subconscientes que permitem à mente encontrar uma solução para conflitos não resolvidos ao nível da consciência. A psicanálise supõe a existência de forças mentais que se opõem umas às outras e que batalham entre si. Freud utilizou a expressão pela primeira vez no seu "As neuroses e psicoses de defesa", de 1894. Os mecanismos de defesa mais importante são:
Repressão, que é afastar ou recalcar da consciência um afeto, uma idéia ou apelo do instinto. Um acontecimento que por algum motivo envergonha uma pessoa pode ser completamente esquecido e se tornar não evocável.
Defesa de reação, que consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos ambos opostos aos impulsos verdadeiros, quando estes são inconfessáveis. Um pai que é pouco amado, recebe do filho uma atenção por vezes exagerada para que este convença a si mesmo de que é um bom filho.
Projeção. Consiste em atribuir ao outro um desejo próprio, ou atribuir a alguém, algo que justifique a própria ação. O estudante cria o hábito de colar nas provas dizendo, para se justificar, que os outros colam ainda mais que ele.
Regressão é o retorno a atitudes passadas que provaram ser seguras e gratificantes, e às quais a pessoa busca voltar para fugir de um presente angustiante. Devaneios e memórias que se tornam recorrentes, repetitivas. Aplica-se também ao regresso a fases anteriores da sexualidade, como acima..
Substituição. O inconsciente, em suas duas formas, está impedido de manifestar-se diretamente à consciência, mas consegue fazê-lo indiretamente. A maneira mais eficaz para essa manifestação é a substituição, isto é, o inconsciente oferece à consciência um substituto aceitável por ela e por meio do qual ela pode satisfazer o Id ou o Superego. Os substitutos são imagens (representações analógicas dos objetos do desejo) e formam o imaginário psíquico que, ao ocultar e dissimular o verdadeiro desejo, o satisfaz indiretamente por meio de objetos substitutos (a chupeta e o dedo, para o seio materno; tintas e pintura ou argila e escultura para as fezes, uma pessoa amada no lugar do pai ou da mãe, de acordo com as fases da sexualidade, como acima).
Além dos substitutos reais, o imaginário inconsciente também oferece outros substitutos, os mais freqüentes sendo os sonhos, os lapsos e os atos falhos. Neles, realizamos desejos inconscientes, de natureza sexual. São a satisfação imaginária do desejo. Alguém sonha, por exemplo, que sobe uma escada, está num naufrágio ou num incêndio. Na realidade, sonhou com uma relação sexual proibida. Alguém quer dizer uma palavra, esquece-a ou se engana, comete um lapso e diz uma outra que o surpreende, pois nada terá a ver com aquela que queria dizer: realizou um desejo proibido. Alguém vai andando por uma rua e, sem querer, torce o pé e quebra o objeto que estava carregando: realizou um desejo proibido.
Sublimação. A Ética pede a renúncia às gratificações puramente instintuais por outras em conformidade com valores racionais transcendentes. A sublimnação consistitui a adoção de um comportamento ou de um interesse que possa enobrecer comportamentos que são instintivos de raiz Um homem pode encontrar uma válvula para seus impulsos agressivos tornando-se um lutador campeão, um jogador de football ou até mesmo um cirurgião. Para Freud as obras de arte, as ciências, a religião, a Filosofia, as técnicas e as invenções, as instituições sociais e as ações políticas, a literatura e as obras teatrais são sublimações, ou modos de substituição do desejo sexual de seus autores e esta é a razão de existirem os artistas, os místicos, os pensadores, os escritores, cientistas, os líderes políticos, etc.
Transferência. Freud afirmou que a ligação emocional que o paciente desenvolvia em relação ao analista representava a transferência do relacionamento que aquele havia tido com seus pais e que inconscientemente projetava no terapeuta. O impasse que existiu nessa relação infantil criava impasses na terapia, de modo que a solução da transferência era o ponto chave para o sucesso do método terapêutico. Embora Freud demorasse a considerar a questão inversa, a da atratividade do paciente sobre o terapeuta, esse problema se manifestou tão cedo quanto ainda ao tempo das experiência de Breuer, que teria se deixado afetar sentimentalmente por sua principal paciente, Bertha Pappenheim.
Os mecanismos de defesa são aprendidos na família ou no meio social externo a que a criança e o adolescente estão expostos. Quando esses mecanismos conseguem controlar as tensões, nenhum sintoma se desenvolve, apesar de que o efeito possa ser limitador das potencialidades do Ego, e empobrecedor da vida instintual. Mas se falham em eliminar as tensões e se o material reprimido retorna à consciência, o Ego é forçado a multiplicar e intensificar seu esforço defensivo e exagerar o seu uso. É nestes casos que a loucura, os sintomas neuróticos, são formados. Para a psicanálise, as psicoses significam um severa falência do sistema defensivo, caracterizada também por uma preponderância de mecanismos primitivos. A diferença entre o estado neurótico e o psicótico seria, portanto, quantitativa, e não qualitativa.
Perversão. Porém, assim como a loucura é a impossibilidade do Ego para realizar sua dupla função (conciliação entre Id e Superego, e entre estes e a realidade), também a sublimação pode não ser alcançada e, em seu lugar, surgir uma perversão ou loucura social ou coletiva. O nazismo é um exemplo de perversão, em vez de sublimação. A propaganda, que induz no leitor ou espectador desejos sexuais pela multiplicação das imagens de prazer, é outro exemplo de perversão ou de incapacidade para a sublimação.
Os sonhos: conteúdo manifesto e conteúdo latente. (Significados conscientes e subconscientes). A vida psíquica dá sentido e coloração afetivo-sexual a todos os objetos e a todas as pessoas que nos rodeiam e entre os quais vivemos. As coisas e os outros são investidos por nosso inconsciente com cargas afetivas de libido. Assim, sem que saibamos por que, desejamos e amamos certas coisas e pessoas e odiamos e tememos outras.
É por esse motivo que certas coisas, certos sons, certas cores, certos animais, certas situações nos enchem de pavor, enquanto outras nos trazem bem-estar, sem que saibamos o motivo. A origem das simpatias e antipatias, amores e ódios, medos e prazeres desde a nossa mais tenra infância, em geral nos primeiros meses e anos de nossa vida, quando se formaram as relações afetivas fundamentais e o complexo de Édipo.
A dimensão imaginária de nossa vida psíquica - substituições, sonhos, lapsos, atos falhos, prazer e desprazer, medo ou bem-estar com objetos e pessoas - indica que os recursos inconscientes surgem na consciência em dois níveis: o nível do conteúdo manifesto (escada, mar e incêndio, no sonho; a palavra esquecida e a pronunciada, no lapso; o pé torcido ou objeto partido, no ato falho) e o nível do conteúdo latente, que é o conteúdo inconsciente verdadeiro e oculto (os desejos sexuais). Nossa vida normal se passa no plano de conteúdos manifestos e, portanto, no imaginário. Somente uma análise psíquica e psicológica desses conteúdos, por meio de técnicas especiais (trazidas pela psicanálise), nos permite decifrar o conteúdo latente que se dissimula sob o conteúdo manifesto.
A psicanálise e a psicologia de Schopenhauer, Brentano e Hartmann
Os críticos consideram impressionante o quanto possivelmente Brentano influenciou a Freud. Este assistiu suas aulas por pelo menos dois anos, e exatamente na época que Brentano publicou seu famoso livro de 1874, Psychologie vom empirischen Standpunkte (Psychology from an Empirical Standpoint. Trad. de A. C. Rancurello, D. B. Terrell, and L. L. McAlister. Ed. Routledge & Kern Paul, Londres, 1973; 448 p. - "A Psicologia de um ponto de vista empírico") em que seu equacionamento entre o físico e o psíquico, o psicossomático, é mais salientado. Arthur Schopenhauer é citado inúmeras vezes no referido livro, onde Brentano também discute amplamente Karl von Hartman, filósofo alemão chamado "o filósofo do inconsciente", autor de "A filosofia do inconsciente", de 1983, e o faz precisamente na questão dos estados mentais inconscientes. Brentano gozava de grande popularidade em meio aos estudantes, entre os quais estavam, além de Sigmund Freud, o psicólogo Carl Stumpf, e o filósofo Edmund Husserl.
O quanto Freud retirou de Schopenhauer foi provavelmente através de Brentano. Alguns críticos de Freud dizem que ele não fez muito mais que desenvolver na Psicanálise as idéias que o filósofo apresentou em seu livro "O mundo como vontade e representação". E o mais importante, Schopenhauer articula a maior parte da teoria freudiana da sexualidade. A começar pela sua teoria dos instintos, o poder dos complexos com origem na inibição sexual, incesto, fixação materna e complexo de Édipo, correspondem perfeitamente à Vontade opressora que, na psicologia de Schopenhauer, dirige as ações do homem, e o faz de modo total, não apenas no instinto sexual (Eros) como também no instinto de morte (Tanatus) uma manifestação da mesma Vontade condutora da natureza.
O conceito de "Vontade" de Schopenhauer contem também os fundamentos do que viriam a ser os conceitos de "inconsciente" e "Id" da doutrina freudiana. A Vontade como coisa absoluta e auto-suficiente, tem ela própria "desejos". Quando se manifesta na forma de uma criatura ela busca se perpetuar por via dos meios de reprodução dessa criatura. Por isso o sexo é básico para a Vontade perpetuar a si própria. Resulta que o impulso sexual é o mais veemente de todos os apetites, o desejo dos desejos, a concentração de toda nossa vontade.
O que Schopenhauer escreveu sobre a loucura antecipou a teoria da repressão e a concepção da etiologia das neuroses na teoria da Psicanálise e inclusive o que veio a ser a teoria fundamental do método da livre associação de idéias utilizado por Freud.".

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Desinteresse sexual no casamento

DESINTERESSE SEXUAL NO CASAMENTO
Arlete Gavranic
Psicóloga e Terapeuta Sexual

Por que casais que se dão bem afetivamente e, que até se amam, acabam perdendo o interesse pelo sexo; ficam como 'amigos', como 'irmãos' e têm dificuldade de resgatar a antiga qualidade da relação de namoro? Como resgatar isso?

Muitas vezes me deparo com casais que vivem relações afetivas, atenciosas, às vezes são parceiros compreensivos, pais dedicados, provedores, profissionais competentes, mas que perderam o interesse pelo sexo, ou melhor, que deixaram de se ver e de olhar o outro como parceiros que despertam o interesse e o desejo sexual.

Esse quadro, infelizmente, é bastante freqüente. É estimado que 40% dos homens e 46% das mulheres ainda não conseguem viver uma vida sexual satisfatória,
Muitos são os casais que por alguns motivos podem cair nessas ciladas e deixarem de se ver e se desejar como homem e mulher para se tratarem em relações amistosas, como amigos, com um sentimento de amor familiar, como se os amantes ou o casal apaixonado e possuidor de uma erotização tivessem deixado de existir, é interessante observar que esse é um receio freqüente na fala de jovens casais, quase um pedido de socorro para não reproduzir relações como as que eles assistiram em suas famílias.

Porque será que isso acontece? Porque as relações exigem de nós uma maneira especial de olhar para as coisas. Porém, é um olhar que precisa ser decifrado, aprendido, sentido...

Será que esse é um risco que todos (ou a maioria dos casais) correm?
Como terapeuta e observadora atenta das relações de casais, posso afirmar que esse distanciamento sexual que freqüentemente observo alguns ‘gatilhos’ em comum que podem colocar muitas relações em risco se não houver um cuidado especial por parte dos casais. Esses ‘gatilhos’ podem estar relacionados a uma visão negativa da sexualidade adquirida durante a vida, com mensagens anti-sexuais recebidas durante a infância e adolescência. Essas visões também acabam sendo reforçadas pela aprendizagem vivida no meio familiar de famílias praticamente assexuadas, onde pais e avós não se beijam, se abraçam ou fazem qualquer demonstração de carinho mais atrevido publicamente, alimentam a idéia de que o respeito e a amizade eram o único ponto de união e que pais e avós só devem ter feito sexo umas poucas vezes, quando jovens e para engravidar de seus filhos! Isso já traz em muitos casais a idéia da rotina e de que esse esfriamento sexual na vida dos casais realmente seja algo difícil de se evitar
É preciso lembrar também que muitas vezes esse esfriamento sexual pode ser provocado ou provocador de um quadro disfuncional no casal ou em um dos parceiros, o Desejo Sexual Hipoativo, que é a principal queixa feminina, e estima-se que 35% da população brasileira sofra esta dificuldade, onde há diminuição ou ausência completa de fantasias eróticas, desejo e motivação para ter atividade sexual. Esse quadro pode causar sofrimento pessoal, dificuldades interpessoais e nos relacionamentos dos casais.

Descartadas as possíveis causas orgânicas – como desequilíbrios hormonais, infecções pélvicas ou DST, causas neurológicas – com quadros depressivos, insuficiência renal crônica, entre outros, aí se deve investigar os Fatores sociais e psico emocionais que estão presentes no desejo sexual hipoativo. Além das causas de aprendizagens familiares que já citamos e que também estão presentes como gatilho desse quadro, encontramos vários fatores que podem estar agregados, como a presença da
-Monotonia na rotina sexual. Esse aspecto de perder o interesse em criar situações prazerosas após o casamento (e às vezes em namoros de longa duração essa acomodação também pode acontecer) costuma ser uma queixa freqüente de casais que se tornaram amigos e perderam o tesão e o desejo de conquistar, inovar. Percebemos que muitos casais deixam de sair, de se arrumar, de investir em passeios prazerosos, de se cuidar. Há até aqueles que passam a ir dormir sem banho, ao invés da camisola sensual ou de uma lingerie e da cueca e seda passam a usar a camisola velha ou a camiseta de propaganda, passam a relaxar e deixam de fazer a barba ou de se depilar e maquiar. Como se nada mais houvesse para ser conquistado. Como já cantou Chico Buarque, ‘todo dia ela faz tudo sempre igual, me sacode as 6 horas da manhã, me sorri um sorriso pontual e ....’, muitos homens e mulheres caem nessa rotina, como se a vida e o relacionamento tivessem perdido o pulsar do prazer de novas conquistas a cada dia.

Outro fator que tem peso muito grande são as mágoas acumuladas, muitos relacionamentos se desgastam pelo acúmulo de mágoas, e essa lixeira emocional compromete a auto estima e tira o colorido das relações.

A baixa auto-estima – principalmente após gravidez, pós-traições, no envelhecimento, em situações de desemprego, é um gatilho perigoso e freqüente nas relações, e que acabam criando um reforço no papel social de mãe e pai, de família, mas que interferem minando o desejo e o interesse sexual.

Muitos homens apresentam após o nascimento de filhos uma atitude de estranhamento e distanciamento da companheira, como se a dificuldade em unir amor e sexo com a mesma pessoa se tornasse um conflito.(esposa x amante-prostituta x maternidade), e muitas vezes as mulheres também assumem esse papel maternal como sendo algo que não oferecesse espaço ou não combinasse com a mulher sensual e sedutora que em outros tempos ela se permitiu ser.

Mas muitos casais tem procurado ajuda, procurando conversar com especialistas, buscando uma reaproximação, parece que a atração das ‘almas gêmeas’, o desejo de resgatar essa cumplicidade e desejo sexual ainda faz parte dos sonhos, do ideal de um relacionamento “para sempre...”Ou pelo menos de um conquistar sempre presente”!

Como evitar cair nessa cilada? E para quem já caiu, como resgatar esse desejo e essa eroticidade?
Para alavancar a vida sexual e a satisfação do desejo erótico - sexual é preciso entender que alguns pontos precisam ser bem vividos ou resolvidos anteriormente:

1º lugar, que vocês dois não carreguem culpas ou medos relacionados ao sexo.

Culpa, idéias de pecado, imoralidade ou algo impuro que foram absorvidas em vivências familiares ou religiosas podem estar amarradas no seu emocional, e aquela sensação de estar fazendo algo errado pode ser um balde de água fria no seu envolvimento sexual e no seu prazer. Por isso é preciso que vocês dois desejem e se permitam, acreditando realmente que sexo é algo gostoso e que pode ser naturalmente vivido entre duas pessoas que se gostam de qualquer faixa de idade, sem motivo de vergonha ou repressão.

É importante estar atento à relação e tentar promover sempre a Retomada de prazeres corporais, sociais e relacionais.
Isso mesmo, sair juntos, buscar prazeres na vida pessoal (o famoso ‘eu me amo’) e na vida conjugal (’eu te amo’), resgatar o namoro, o abraço, o beijo (artigo sobre beijo), permitir-se viver uma sensibilização para estimular a percepção dos sentidos e para o despertar sexual... das sensações... o cheiro, o perfume, a sensação da carícia.

É importante prestar atenção à comunicação do casal, cuidado com tom de voz, com o que falar, no momento de estar a dois namorando fica proibido falar de problemas. Há casais que só conversam para falar de problemas sobre os filhos, a família, casa, dinheiro, trabalho, comece a falar e estimular a saudade, o lembrar de momentos que estiveram juntos, programar e criar expectativas para estar namorando, criando momentos para o casal.

Estimular o pensar em sexo também pode ser necessário, e até o uso de recursos como filmes, contos eróticos, entre outros. Mas não queira achar que um filme pornô vai trazer esse tesão, outros filmes como dança comigo, perfume de mulher, nove semanas e meia de amor, podem ser muito mais estimulantes, pois associa a sedução à conquista sexual.

Então, se vocês acreditam que podem se liberar dessas mágoas e medos e estão dispostos a resgatar, a aprender a viver uma vida sexual mais satisfatória, podem começar a buscar esse encontro seguindo essas dicas para estimular o desejo da aproximação afetiva e sexual de vocês.
Mas se vocês estiverem tendo muita dificuldade, não tenham receio de procurar ajuda de um terapeuta que possa auxilia-los a resgatar essa comunicação e superar esse distanciamento entre vocês, afinal, o prazer deve ser uma meta de vida e vale a pena ser redescoberto para reacender o desejo e dar mais alegria e colorido na vida a dois!

Sobre sexo

Enquanto a maioria das espécies animais do planeta usam o ato sexual somente para a procriação, a espécie humana talvez seja a única na qual sexo é prazer, esporte e obsessão. Juntamente com o dinheiro, a fome e o desejo pelo poder, o sexo é uma força primária de motivação.

Muitas mudanças têm ocorridas sob o ponto de vista sexual nos últimos 30 anos e com os perigos das doenças sexualmente transmissíveis, especialmente a AIDS, o ser humano vem se tornando cada vez mais monogâmico e. quando teria tudo para estar satisfeito em seus relacionamentos, a humanidade nas últimas décadas vem cada dia mais, apresentando como num crescente, queixas de falta de interesse sexual.

O stress e a nutrição são importantes fatores na vitalidade sexual, sendo o stress, particularmente o stress mental na forma de preocupação, trabalho em excesso e problemas financeiros podem interferir com a energia sexual e sua expressão na forma de desejo. Por outro lado, os problemas sexuais podem ser a fonte de ansiedade e infelicidade.

O que é NORMAL em sexo ?
Por definição médica, é considerado normal qualquer prática ocorrida entre pessoas adultas, sob o ponto de vista físico e psicológico, na privacidade, com aquiescência mútua e desde que não cause prejuízo físico ou psicológico a nenhum dos dois.
Para uma saudável função sexual temos que estar com as funções orgânicas em perfeito funcionamento e um equilíbrio no sistema endócrino, produzindo os hormônios necessários. A baixa função da Glândula Hipófise pode levar a uma diminuição no desenvolvimento dos órgãos sexuais, a menopausa precoce nas mulheres e a impotência nos homens. As glândulas Supra-Renais apresentando deficiência podem reduzir o desejo e a potência para o sexo e aumentar a sensibilidade ao stress. Certas disfunções da glândula Tireóide podem causar uma perda do desejo ou capacidade para o sexo. No homem, a baixa função testicular reduz o interesse sexual e a produção de esperma. Nas mulheres, baixos níveis de estrogênio reduzem a maturidade sexual, reduz o tamanho das mamas e retarda a maturação dos óvulos. O desequilíbrio entre o estrogênio e a progesterona também pode causar uma série de sintomas relacionados com o desejo sexual.

Para uma relacionamento sexual satisfatório, particularmente as mulheres, necessitam um envolvimento amoroso e ter energia sem estar fatigada, além de um perfeito equilíbrio hormonal que permita emoções prazerosas e um bom nível de relaxamento com um bom desejo sexual. Já os homens, precisam principalmente, de uma boa circulação sangüínea para criar a ereção peniana, vitalidade física e uma boa função hormonal. Entretanto o que mais observo no dia-a-dia do consultório é se apresentarem pessoas de ambos os sexos que parte dessas funções estão adequadas mas o desinteresse sexual é uma constante.

Desde Sigmund Freud a ciência tenta explicar as conexões entre a sexualidade e o bem-estar físico e mental. Quando o pai da psicanálise escreveu seu ensaio sobre ansiedade e neurose, em 1895, dando uma ênfase até então inédita à sexualidade, choveram críticas. Freud achou melhor rebatê-las em um outro artigo, no qual foi ainda mais enfático. Freud escreveu: "Muitas doenças mentais e as fobias, em especial, não ocorrem quando a pessoa leva uma vida sexual normal". Sobre a pedra fundamental das análises de Freud ergueu-se um monumental edifício de estudos da sexualidade e de seu impacto sobre outras dimensões vitais do ser humano. Os médicos investigam com crescente interesse como as carências sexuais podem produzir doenças físicas e psicológicas e, por outro lado, como certas moléstias afetam o desempenho e a satisfação sexual.

Muitos outros fatores, além do stress, insatisfação profissional ou familiar, podem afetar o desejo e a performance sexual. O álcool, o tabagismo, excesso de café, a maconha e a cocaína e até mesmo o açúcar são as “drogas do prazer” que podem reduzir a vitalidade sexual, assim como muitos produtos farmacêuticos, como os tranqüilizantes, anti-hipertensivos, beta-bloqueadores, diuréticos, pílulas anticoncepcionais e alguns hormônios.



Na década de 90, a Organização Mundial de Saúde (OMS) incluiu o sexo na lista dos parâmetros utilizados para definir a qualidade de vida de uma pessoa. Os outros são: capacidade de trabalhar, não depender de ninguém para as tarefas do dia-a-dia e manter um convívio familiar e social satisfatório. O sexo seguro, freqüente e prazeroso, explicam os médicos, pode proteger o coração, evitar a insônia, aliviar o stress, fortalecer o sistema imunológico, combater a ansiedade, regular o humor, emagrecer e até atrasar um pouco o ritmo do envelhecimento.

As delícias (ou não) da alcova repercutem em todas as esferas da vida de uma pessoa. Oito de cada dez brasileiros (homens e mulheres) vítimas de problemas sexuais declaram que suas aflições afetam o trabalho, o convívio com os filhos, as relações sociais, o lazer. Sem contar, obviamente, o desgaste do relacionamento com o parceiro (veja quadro abaixo).



Os homens sentem-se menos homens e as mulheres, menos mulheres. É enorme o abismo que separa os homens com problemas de ereção dos que não têm disfunção alguma. Dos primeiros, 41,6% se declaram satisfeitos consigo próprios. No outro grupo, esse índice sobe para 85,5%.

Com o aumento da expectativa de vida da população, nada mais natural que o sexo de boa qualidade passe a ser uma exigência de homens e mulheres mais maduros. Viver mais significa prolongar os encontros amorosos para além da fase áurea da sexualidade, que vai dos 20 aos 40 anos. Com o passar do tempo, porém, não é fácil manter a libido a mil.

Uma pesquisa mostrou que para a maioria das mulheres entre 18 e 25 anos, a vida sexual mudou para melhor desde a primeira relação. Para quem tinha mais de 46 anos, a mudança foi para pior. Com a chegada da menopausa, há uma queda nos níveis dos hormônios sexuais, o que reduz o aporte de sangue e o tônus muscular da região genital. A vagina fica menos elástica, e a lubrificação do órgão torna-se mais difícil. Conseqüentemente, as respostas às carícias e ao próprio ato sexual já não são tão rápidas nem tão intensas quanto eram na juventude. Uma jovem de 20 anos demora, em média, vinte segundos para sair do patamar do desejo e chegar à excitação. Numa mulher com mais de 50 anos, esse processo leva até três minutos. Com os homens não é diferente. Um mesmo estímulo sexual que, na juventude, saía do cérebro e deixava o pênis ereto em apenas três segundos demora dois minutos para fazer efeito no homem de meia-idade. Com a redução do fluxo sanguíneo para o pênis e a flacidez dos músculos penianos, a ereção torna-se menos potente e o orgasmo, mais difícil.

Cerca de 66% dos brasileiros apresentam, em menor ou maior grau, dificuldade de ereção – e, quanto mais elevada a faixa etária, maiores são a prevalência e a severidade da disfunção.

Geralmente é possível recuperar o fôlego na cama com a adoção de hábitos mais saudáveis – a combinação de uma dieta equilibrada com a prática regular de exercícios físicos. Se não funcionar, a medicina dispõe de uma série de armas capazes de devolver o prazer perdido. Os grandes beneficiados pelas invenções da indústria farmacêutica são os homens.

O marco no tratamento das disfunções sexuais masculinas foi o lançamento, em 1998, da primeira pílula contra disfunção erétil – o Viagra. A ela se seguiram outras (Cialis, Levitra e Uprima, entre as mais conhecidas) que exorcizaram o fantasma da impotência da vida de milhões de homens. Os problemas de ereção passaram a ser tratados de maneira bastante simples. Nada a ver com os dispositivos antigos, como injeções ou bombas a vácuo. Os velhos artifícios, além de aniquilar com o romantismo de qualquer encontro amoroso, afastavam a maioria dos homens dos consultórios médicos. Graças aos remédios orais antiimpotência, nos últimos cinco anos quadruplicou o número de brasileiros que procuram ajuda para seus problemas sexuais.

Das queixas sexuais masculinas, a dificuldade de ter ou manter a ereção é a mais prevalente. Entre os homens mais jovens, especialmente dos 18 aos 25 anos, o grande tormento, porém, é a Ejaculação Precoce – aquela que ocorre menos de dois minutos depois do início do ato sexual. Se não tratada, pode levar à impotência. Suas principais causas são a ansiedade e a insegurança. Por isso, o tratamento-padrão envolve o uso de antidepressivos com sessões de psicoterapia.

Recentemente foi lançado o primeiro medicamento indicado especificamente para o tratamento da Ejaculação Precoce. É a droga de nome químico Dapoxetina, que também é um antidepressivo. A diferença é que, ainda não se sabe exatamente por que, seus efeitos sobre a ejaculação precoce são muito mais rápidos. Os convencionais demoram até dez dias para começar a fazer efeito. A Dapoxetina promete levar, no máximo, quatro horas para chegar aos mesmos resultados.



Informações sobre os efeitos da idade no Pênis

O homem acredita que pode conter as conseqüências do envelhecimento, mas não pode, e, em vez de tentar inibir os efeitos do tempo, deveria se aproveitar deles. Idade é sinônimo de experiência e isso conta muito mais que um pênis infalível para o sexo prazeroso.







Qual foi a última vez que você falhou na cama? Se a resposta demorou para vir à tona, provavelmente você sequer completou 40 anos. Mas se ela veio rápido à sua cabeça, é provável que você já esteja perto dos 50. É difícil admitir, mas dificuldades ocasionais para manter a ereção são consideradas normais após a quarta década de vida e não devem se tornar fonte de frustrações. A flacidez do pênis deve-se principalmente ao desgaste do tendão que liga o órgão ao púbis (osso localizado na região sexual). Com o passar dos anos, o tendão se torna menos elástico e, conseqüentemente, não funciona como deveria todas as vezes que é requisitado. Por mais sexualmente ativo e saudável que o homem seja.

Pelo mesmo motivo, o ângulo das ereções tende a diminuir. Se aos 30 anos o pênis fica 20 graus acima da horizontal quando ereto, aos 70 ele se situa 25 graus abaixo. O tempo entre uma ereção e outra, ao contrário, só aumenta com a idade. Aos 30 anos, é comum ter duas ou três relações sexuais numa noite, com intervalos de 20 ou 30 minutos. Aos 60 anos, muitos só conseguem fazer sexo novamente no dia seguinte. Os médicos afirmam que essas são mudanças naturais e que, portanto, os homens deveriam se preocupar menos com a firmeza do pênis ou a freqüência das relações sexuais e mais com a qualidade do sexo.

O homem acredita que pode conter as conseqüências do envelhecimento, mas não pode, e, em vez de tentar inibir os efeitos do tempo, deveria se aproveitar deles. Idade é sinônimo de experiência e isso conta muito mais que um pênis infalível para o sexo prazeroso.

Uma das evidências de que a eventual flacidez do pênis é natural em homens acima dos 40 anos é que as ereções noturnas também diminuem com o tempo. Enquanto até essa idade elas costumam durar mais de duas horas ao todo, aos 60, elas não passam de uma hora e meia. Os médicos acreditam que as ereções noturnas sejam um mecanismo que a natureza criou para assegurar a procriação. Sabe-se que se o pênis passar meses sem uma ereção, ele torna-se fibroso, correndo o risco de não ficar ereto novamente. As ereções involuntárias, portanto, impediriam que o homem se tornasse impotente antes do tempo. Como após os 40 anos, o homem já teve bastante tempo para procriar a espécie, é natural que a intensidade do mecanismo preventivo reduza.



Caso as falhas na cama se tornem rotineiras, não há motivo para pânico. Até os 60 anos, 90% das causas de impotência sexual são psicológicas e apenas 10% são orgânicas. O estresse do dia dia e a depressão pela proximidade da aposentadoria podem estar atrapalhando o desempenho sexual. O melhor remédio nesses casos é alterar o estilo de vida, estabelecendo uma divisão clara entre trabalho e lazer, e encarar o fim dos dias trabalhados como uma oportunidade de gozar a vida.

A insegurança e o medo de não ser hábil como antes também costumam ocasionar episódios de impotência. Para driblar a ansiedade, nada melhor que prolongar as preliminares. Além de estimular a parceira, os beijos e abraços vão te ajudar a relaxar. A partir dos 60, fatores psicológicos e físicos dividem igualmente as causas da disfunção sexual. Com o avanço da medicina, no entanto, é possível tratar quase 100% dos casos. Para cada perfil de impotência, há um medicamento novo no mercado.

É bom frisar que a dificuldade de ereção não impossibilita o orgasmo ou a ejaculação. Os três fenômenos são independentes. De fato, o número de relações sexuais tende a diminuir com a idade e, com ele, o número de orgasmos. A redução, no entanto, ocorre muito mais em função de um certo desinteresse sexual (afinal, depois de décadas fazendo sexo, isso não é mais novidade) que impossibilidade física. Como acontece com as mulheres, os homens também entram no período do climatério, mas as mudanças são graduais e pouco atrapalham a atividade sexual. A partir dos 40 anos, verifica-se a queda de apenas 1% ao ano da produção de testosterona - as mulheres param de ovular ao atingirem a menopausa -e a qualidade do esperma sofre poucas alterações. Chaplin e Picasso foram pais aos 60 anos.

Os remédios contra a disfunção sexual masculina não melhoraram apenas a vida dos homens com problemas na cama. Provocaram uma reviravolta também na vida de suas companheiras. Elas passaram a cobrar dos parceiros disposição para o sexo. Dos homens em tratamento médico contra disfunções eréteis, por exemplo, 56% foram incentivados por suas mulheres a procurar tratamento. Muitas não se acanham em também buscar ajuda. Há, lógico, as que ainda se ressentem do modo como foram educadas – o prazer sexual visto como sinônimo de pecado, impureza e imoralidade –, mas é cada vez maior a presença feminina nos consultórios de terapeutas e médicos especialistas.

Agora, as mulheres respondem por 1/3 dos atendimentos, sendo que de cada dez brasileiras, cinco têm algum problema sexual e as principais queixas são falta de desejo e dificuldade de chegar ao orgasmo. Até pouco tempo atrás, acreditava-se que os problemas sexuais femininos só poderiam ser resolvidos no divã, mas a sexualidade feminina é muito complexa, tanto que Freud a chamou de "o continente obscuro'".

Ela está mais ligada a fatores psicológicos, sociais e culturais do que a masculina, o que dificulta a criação de medicamentos capazes de dar conta de tantas variantes, mas nos últimos cinco anos, contudo, pesquisas deixaram claro que muitas aflições delas são de ordem orgânica, como a baixa na produção dos hormônios femininos, sobretudo entre as mulheres na pós-menopausa. Nesses casos, pode-se recorrer à terapia de reposição hormonal e uma das frentes mais promissoras para aumentar a libido feminina é o uso de doses extras do hormônio Testosterona (veja quadro abaixo).

Também o uso abusivo de aditivos químicos nos alimentos e a ingestão de carne vermelha e de aves tratadas com abusivamente com hormônios sexuais antes do abate vem provocando nas últimas décadas um progressivo aumento de distúrbios na esfera sexual, tanto masculina quanto feminina, reduzindo o desejo sexual e até a produção e a percepção dos feromônios sexuais, produzidos para agirem no cérebro como estimulantes da atração física entre os sexos.

Os feromônios são substâncias químicas aromáticas que despertam o desejo sexual. Esses afrodisíacos químicos são extremamente potentes e acredita-se que os seres humanos poderiam ter retido alguma capacidade remanescente de responder a estes afrodisíacos aromáticos. Existe um grupo de pequenos receptores nas narinas humanas, chamado Órgão Vômero Nasal, que respondem ativamente a uma grande variedade de substâncias químicas inodoras que são produzidas na pele humana. Quando estes feromônios são inalados, eles têm efeito tranqüilizante e euforizante sutil no humor do indivíduo e isto tem um papel importante nos vínculos humanos. O odor liberado pelos amantes pode ser excitante e bastante prazeroso tanto para o homem como para mulher.

A importância de uma vida nutricional saudável é muito importante para uma boa vitalidade sexual. Exercícios físicos regulares são também muito importantes para reduzir o stress e ansiedade e manter um sistema cardiovascular com boa saúde, entretanto os exercícios em excesso, especialmente nas mulheres, podem reduzir a fertilidade, os níveis hormonais, os ciclos menstruais e o desejo sexual.

Fases da Resposta Sexual

Desejo: Essa fase consiste de fantasia e desejo relacionados a atividade sexual.

Excitação: Caracterizado por sentimento subjetivo de prazer sexual e alterações fisiológicas concomitantes. As principais modificações no homem consistem de tumescência e ereção do pênis e na mulher consistem de aumento de sangue na região pélvica, lubrificação, expansão vaginal e turgescência da genitália externa.

Orgasmo: Este período consiste do clímax de prazer, com liberação da tensão sexual e contração rítmica dos músculos do períneo e órgãos reprodutores. No homem existe sensação de inevitabilidade ejaculatória, seguida de ejaculação. Na mulher ocorre contrações da parede do terço inferior da vagina. Em ambos os sexos o ânus contrai-se ritmicamente.

Resolução: Etapa final que apresenta a sensação de relaxamento muscular e bem estar geral. Durante a mesma os homens são fisiologicamente refratários à outra ereção e orgasmo por período variável. Em contrapartida, as mulheres podem ser capazes de responder a uma estimulação adicional quase que imediata.

Descobrindo a anatomia do orgasmo
Pesquisas pioneiras revelam o que acontece com homens e mulheres no auge do prazer e acenam para a possibilidade de uma pílula do êxtase


Está ocorrendo na Europa uma pesquisa que fará o mapeamento da cascata de sensações verificadas no corpo e na cabeça no ápice do prazer. O método de investigação não poderia ser mais pragmático. No laboratório do holandês Gert Holstege, da Universidade de Groningen, um casal se posiciona sob um relógio digital e o cientista dá a partida: ''Por favor, peço que cheguem ao orgasmo em quatro minutos''. Enquanto a mulher começa a acariciar o parceiro, o cérebro dele é vasculhado por um aparelho de tomografia. A máquina registra as regiões ativadas até que ele atinja o clímax. Em seguida, há uma inversão de funções: o homem estimula sua parceira. Quando a mulher se aproxima do orgasmo, o coração bate mais forte, a pressão arterial sobe, os músculos da bacia e das nádegas se contraem.



O scanner investiga os mínimos detalhes do córtex, a fim de desvendar o segredo que instiga os seres humanos desde que existe o amor: o que acontece quando experimentamos o ápice das sensações? A parafernália de alta tecnologia, que pesa toneladas e custa 3 milhões de euros, revela o que ocorre na cabeça, nos hormônios e em várias partes do organismo (vide abaixo) durante o ato sexual.

A análise do que acontece no cérebro e no corpo durante o sexo pode levar ao surgimento de uma pílula do orgasmo


Ele só pensa naquilo

Pesquisas mostram que homens e mulheres têm áreas diferentes do cérebro ativadas por um estímulo sexual. Nos homens, há altos índices de ativação da amígdala cerebral e do hipotálamo, estruturas que controlam a emoção e a motivação. A mesma cena erótica provoca no cérebro das mulheres outro tipo de reação. Reside aí boa parte das incompreensões e insatisfações mútuas dos casais na cama.



"O cientista que se ocupa da anatomia do orgasmo faz algo de bom para o ser humano'', justifica o Prof. Holstege. Por preconceito ou arrogância, o ponto culminante da paixão e do prazer continua a ser território quase inexplorado para os pesquisadores. Tanto que as inovadoras imagens feitas por Holstege não foram aceitas pelas prestigiadas revistas científicas americanas Nature e Science, sob a alegação de que o material não interessaria aos leitores.

Pela primeira vez, o trabalho revela a assinatura neurológica do êxtase. O computador funciona também como um perfeito detector de mentiras. No orgasmo fingido, as áreas do desejo no cérebro das mulheres permanecem em calma, enquanto os centros de movimento apresentam maior atividade. Os cientistas também conseguiram esclarecer por que as pessoas mergulham em um vale de indolência depois de surfar sobre as ondas do desejo.

''Após o sexo, todos os seres vivos ficam tristes, com exceção do galo e da mulher'', já observava o médico Galeno, no século II a.C.

A responsável por isso parece ser a Prolactina. O hormônio que dispara a produção de leite depois do parto também age como freio do desejo logo após o orgasmo. Será que uma pílula que inibisse a ação da Prolactina poderia ajudar os homens a tornar realidade o sonho de ter orgasmos sucessivos?

O orgasmo é uma coisa do dia-a-dia, assim como o ato de mastigar; infelizmente, conhecemos mais sobre a fisiologia da mastigação que a respeito dos mecanismos do prazer. Do primeiro olhar mais insinuante até a transmissão dos espermatozóides, a natureza compôs uma coreografia para o encontro entre o homem e a mulher. A pressão arterial e a pulsação sobem, o pênis se intumesce, a vagina fica úmida, os pequenos lábios da vulva e o clitóris se expandem.

Quando a dança dos corpos chega perto do gran finale, geralmente o homem é o primeiro a viver seu prazer máximo. A vesícula seminal e a próstata se estreitam ritmicamente. Na hora H, até 240 milhões de espermatozóides são lançados pela uretra com uma velocidade entre 14 e 18 quilômetros por hora. Se a parceira também chega ao clímax nesse mesmo instante - algo que todos desejam, mas não necessariamente conseguem -, a vagina forma uma ''guarnição para o clímax''. Assim como o útero, ela se contrai de cinco até 12 vezes.

Apesar de ter criado esse balé cuidadoso, a natureza não é mestre em sincronização. Segundo vários biólogos, isso explica por que muitos homens chegam esgotados a sua meta enquanto as mulheres ainda estão no meio do caminho. A pressa masculina seria necessidade da reprodução. Segundo essa visão, o orgasmo funcionaria como um prêmio da natureza pelo êxito atingido, para gratificar os praticantes por passarem adiante sua carga genética e garantir a perpetuação da espécie. O risco de fracasso biológico seria alto demais caso as mulheres fossem coroadas em primeiro lugar com os louros do prazer, talvez muitas parceiras simplesmente virassem de lado, satisfeitas, antes que o homem pudesse doar seus espermatozóides.

Em cada um dos sexos, o prazer revela-se de forma diferente. Isso foi constatado de forma inquestionável pelos estudos ainda não publicados de Michael Forsting e Elke Gizewski, do Hospital das Clínicas de Essen, na Alemanha. Doze homens e 12 mulheres permitiram que seu cérebro fosse vasculhado por equipamentos de ressonância magnética enquanto viam alternadamente filmes eróticos e inocentes trabalhos de bricolagem.

A excitação provocada pelas imagens de sexo ativou regiões distintas. Nos homens, brilham áreas cerebrais mais primitivas, existentes também em galos e crocodilos. Nas mulheres, são ativados setores na parte mais nobre do cérebro, responsável pelo pensamento. Isso significa que durante o sexo a parceira age de forma mais racional, enquanto eles só pensam naquilo enquanto os homens seguem mais seu impulso de acasalamento; para as mulheres, a sensualidade é algo mais importante.


Quando nossos antepassados da Idade da Pedra faziam sexo, era importante que ao menos um dos parceiros não se desligasse por completo do mundo exterior e coube à mulher mais essa incumbência. Durante o sexo selvagem ela permanecia alerta para notar a proximidade de um leão ou o sumiço de uma criança.

FLAGRANTE Os cientistas alemães Forsting e Elke inves tigam a atividade cerebral de quem assiste a filmes eróticos



Qual seria, então, a razão biológica do orgasmo feminino? Afinal, para garantir a reprodução, bastaria que a fêmea aceitasse fazer sexo. Acredita-se que uma recompensa, sob a forma do prazer, aumenta a disposição para a repetição do coito e, dessa forma, a chance de gerar descendentes. Além disso, os fisiologistas descobriram que as contrações do colo do útero ocorridas durante o orgasmo transportam os espermatozóides para mais perto dos óvulos. Isso eleva a probabilidade de uma gravidez.

Uma pesquisa realizada pelo Hospital Charité, em Berlim, com 575 participantes entre 18 e 71 anos, revelou que a média de tempo até que seja atingido o orgasmo é de oito minutos. O trabalho também elucidou preferências, concluindo que as mulheres vivem o orgasmo clitoridiano de forma mais intensa, mas ficam sexualmente mais satisfeitas quando também atingem o clímax através da penetração.

MÃE PRIMITIVA
A Vênus de Willendorf(25.000 a.C.) é conhecida como uma das representações mais antigas da fecundidade feminina

Esse prazer anda em falta. Quase metade das mulheres que participaram da pesquisa raramente ou nunca consegue atingir seu ''paraíso sexual'' quando está com seu parceiro. Homens feridos em sua reputação costumam alegar que o orgasmo feminino é algo mais complicado e difícil de ser alcançado. Essa idéia é rejeitada por alguns cientistas que, segundo uma pesquisa com 776 voluntárias, quando a mulher se masturba, quase sempre atinge o orgasmo. Observa-se que muitas mulheres dizem que o sexo lhes dá prazer, mas que seus parceiros ficam muito tristes porque elas não chegam sempre ao orgasmo. Mas isso nem sempre desencadeia um cavalo-de-batalha. Quase metade das mulheres que admitem não chegar ao orgasmo no ato sexual afirma estar ''sexualmente satisfeita'' e nessa amostra, 76% chegaram a dizer que tinham ficado felizes.

Quando é forte a pressão pelo gran finale, muitas parceiras partem para a encenação, e, apenas uma em cada dez mulheres nunca fingiu um orgasmo. A razão da mentira: 41% delas querem agradar ao parceiro, mas por outro lado, uma em cada quatro adota o expediente para abreviar a relação.

É verdade que nem sempre o clímax se assemelha ao estrondo de um trovão acompanhado de uma chuva de estrelas, pois o orgasmo não está atrelado a órgãos específicos e muito menos aos genitais e, o curioso é que, além dos órgãos sexuais primários, quase todas as outras partes do corpo podem suscitar o prazer.

Para algumas pessoas é suficiente estimular os lóbulos das orelhas ou ter os cabelos massageados. Alguns estudos atestam que as mulheres sentem orgasmo apenas com estimulação nos seios (30%) e na boca (20%). Ambos os sexos (25% das mulheres e 21% dos homens) chegaram, pelo menos uma vez, ao sétimo céu do prazer sem nenhum contato corporal. Ou seja, apenas por meio da fantasia, pois prazer e excitação não ocorrem na bacia, e sim entre as duas orelhas.

O cérebro é o órgão de prazer mais poderoso e isso é percebido por qualquer um que, ao menos uma vez na vida, já ficou com o coração saltando pela boca só de pensar na pessoa amada. Conhecer as estruturas cerebrais que participam disso e elucidar suas funções é fundamental para o desenvolvimento de terapias e medicamentos para melhorar a qualidade da vida sexual e tratar transtornos psiquiátricos ligados ao sexo, como a pedofilia. Nesse contexto, as pesquisas européias representam a luz contra as trevas. Os estudos feitos sobre orgasmo na Europa, financiados com dinheiro público, seriam inimagináveis nos Estados Unidos, onde a influência dos conservadores é fortíssima.

PUDOR

Entre as brasileiras, 31% nunca se masturbaram na vida. Entre os homens, o índice cai para 3%

O direito ao sexo prazeroso deveria ser encarado como uma questão de saúde pública, passível de financiamento para pesquisas e desenvolvimento de novas terapias. Já se sabe, por exemplo, que a substância Cabergolina - usada no tratamento do mal de Parkinson ou para interromper a produção de leite - aumenta o desejo e propicia um orgasmo mais intenso. Também a Bupropiona, uma droga anti-depressiva que vinha sendo utilizada no combate ao tabagismo e que demonstrou ser a mais moderna escolha no tratamento do desinteresse sexual em mulheres, estimulando a libido, provocando sonhos eróticos e proporcionando na maioria das que usaram, orgasmos intensos. É utilizada somente sob prescrição médica e não tem ação em homens. Ao mesmo tempo, um controverso adesivo de testosterona que promete aumentar o apetite sexual das mulheres está sendo analisado pela FDA (Agência reguladora de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos) Os especialistas alertam que a administração prolongada do medicamento pode ser prejudicial ao organismo, mas de qualquer maneira, as pesquisas já comprovaram que sexo de qualidade faz bem ao coração, tonifica os músculos, melhora o sistema imunológico - e, sem dúvida, o humor de qualquer um.




Novo método promete medir desejo sexual

Técnica pode ajudar a tratar pessoas com perda de libido

Pesquisadores israelenses estão convencidos de ter desenvolvido o primeiro método para medir a intensidade do desejo sexual de uma pessoa. A técnica foi baseada na análise da medição de alterações em ondas cerebrais de pessoas que assistiam a um filme erótico. Segundo os cientistas, esse é o primeiro método quantitativo para medir a libido. Mais do que mera curiosidade, ele poderia ser usado para avaliar efeitos de novos medicamentos sobre o desejo sexual.

Outra aplicação seria a avaliação de danos à libido causados por acidentes e derrames, por exemplo. O coordenador da pesquisa, Yoram Vardi, do Hospital Rambam e do Instituto Technion, em Haifa, Israel, explicou que sua técnica mede, primariamente, o nível de atenção de uma pessoa durante cenas eróticas, mais do que especificamente o desejo sexual. Todavia, segundo ele, o estímulo sexual estaria diretamente ligado à atenção, o que validaria o método..

Por enquanto, a técnica foi testada em apenas 30 pessoas. Como os resultados foram considerados promissores, os pesquisadores esperam experimentá-la num grupo maior de voluntários. Tendo êxito, poderão pensar num uso regular. Mas, ainda é cedo para saber se será possível estabelecer uma espécie de escala do desejo sexual.

Os cientistas analisaram alterações em ondas cerebrais chamadas p300. Elas são produzidas menos de um segundo após um evento. São a resposta do cérebro a estímulos.






O que acontece no corpo na hora do orgasmo


EXCITAÇÃO

Cérebro
Áreas responsáveis por sensações de felicidade e outras emoções são ativadas
Setores responsáveis pela memória, atenção e pelo pensamento lógico são reprimidos
O poder da paixão
Apenas o fato de olhar para o parceiro excita no cérebro de homens e mulheres centros nervosos que também são ativados pela satisfação provocada por drogas, como a cocaína. Setores responsáveis pelo raciocínio crítico ou pelo medo são desativados

Hormônios
O motor da testosterona
O desejo masculino é fortemente influenciado pelo nível de testosterona. Mas a alta concentração de testosterona nem sempre significa libido elevada. A relação exata que existe entre esses dois fatores ainda é incerta

Pulsão sexual e desejo
O hormônio feminino estrógeno não exerce grande influência sobre o desejo da mulher. Enquanto isso, ter uma boa carga de testosterona circulando no corpo feminino implica intensa atividade sexual

Corpo
Calor no abdome, o pênis aumenta e fica ereto. A pressão arterial, a pulsação e a freqüência respiratória são elevadas e a atenção diminui

A pulsação e a pressão arterial sobem. A vagina fica úmida e se amplia, assim como o clitóris. Os mamilos crescem até 1 centímetro




FASE PLATÔ
Cérebro
Nos homens são ativados grandes centros nervosos na área do sistema límbico
Quando estimuladas, as mulheres reagem de forma muito menos emotiva
Só pensam naquilo
Nos homens são acionadas regiões primitivas do cérebro. Eles agem, durante o sexo, de maneira extremamente impulsiva

Com os pés no chão
Nas mulheres, as emoções não entram em ação. É ativada principalmente a área responsável pela razão

Hormônios
Homens e mulheres
Apresentam as mesmas mudanças hormonais. Aumenta fortemente a concentração de adrenalina e noradrenalina

O mistério da Oxitocina
O efeito desse hormônio é polêmico. Em alguns homens, os pesquisadores observaram uma clara elevação junto com o orgasmo - entre 20% e 360%. Mas a ação da substância no organismo não está clara. A suposição é que a Oxitocina estaria envolvida em contrações de partes dos órgãos reprodutivos femininos e masculinos durante o orgasmo

Corpo
Flush sexual O rosto, o peito, a barriga e os ombros ficam avermelhados. A pressão arterial, a pulsação e a freqüência respiratória continuam a subir. Há um aumento da tensão muscular

Ocorre um evidente inchaço nos seios e aumenta a circulação sanguínea nas coxas, nádegas e costas. Ocorre superventilação. A freqüência cardíaca vai de 110 a 180 batidas por minuto




ORGASMO
Cérebro
CLÍMAX Os campos ativados comandam reflexos essenciais,
como a ejaculação
Assinatura do êxtase
Grande atividade na área relacionada ao sistema de recompensa. Ocorre um bloqueio no cérebro, na região responsável pelo medo, a amígdala (cerebral).

Prazer verdadeiro
Atividade cerebral semelhante à dos homens. O sistema de alerta trabalha mais

Orgasmo fingido (ver quadro abaixo)
Em comparação ao verdadeiro, os centros motores do cérebro são mais ativados

Hormônios
Imediatamente depois do orgasmo, há uma grande elevação do nível do hormônio de produção de leite, a Prolactina, tanto nos homens como nas mulheres. Isso tem o efeito de um freio sexual

Corpo
A atenção fica extremamente reduzida e a ereção mais vigorosa. O escroto aumenta. A vesícula seminal, os dutos e a próstata contraem-se ritmicamente. Ocorre a ejaculação do esperma

Guarnição orgástica
O terço dianteiro da vagina se afunila e se contrai de cinco até 15 vezes. Ocorrem também inúmeras contrações em regiões como nádegas, mãos, pés e rosto



DISTENÇÃO
Cérebro
Descanso em vez de desejo
Depois do clímax, o cérebro relaxa até o adormecimento

Hormônios
O nível de Prolactina permanece elevado até uma hora depois do orgasmo. Nos homens, o hormônio aniquila o desejo e desencadeia a preguiça. Por que as mulheres conseguem ter outros orgasmos pouco tempo depois ainda é um mistério

O esperma parece ter um efeito estimulador. Ele contém vários hormônios: testosterona, estrógeno, Prostaglandina e Prolactina. Essas substâncias podem passar pela vagina e outras mucosas e cair na circulação sanguínea

Corpo
A ereção do pênis diminui instantaneamente, a respiração e a pulsação se normalizam. Dependendo da idade, o homem perde a capacidade de ficar excitado durante um certo período
Depois do orgasmo, a mulher volta a estar sexualmente excitável. Se ela não reiniciar o sexo, a respiração se normaliza e o inchaço da vagina e dos lábios da vulva retrocede


Uma em cada quatro mulheres não atingem o orgasmo


Quem enxerga o Brasil como uma espécie de paraíso sexual precisa rever seus conceitos. Uma em cada quatro brasileiras (26%) não tem orgasmo com seu atual parceiro, revela uma pesquisa realizada pelo Projeto Sexualidade, da Universidade de São Paulo, com 7 mil pessoas de ambos os sexos. Muitas jovens não atingem o clímax por inexperiência e fatores emocionais, como uma educação rígida que condene o prazer sexual. Nas mais velhas, as dificuldades estão em geral relacionadas a disfunções físicas. Em um outro estudo feito com 98 mulheres em um hospital no Rio de Janeiro, apurou que 42% delas não tinham orgasmo, e, quando se investigou as causas, descobriu-se um dado interessante: 30% das mulheres não chegavam ao clímax por um problema sexual do parceiro, como disfunção erétil ou ejaculação precoce. Além das dificuldades masculinas e dos tradicionais inimigos do orgasmo - stress, cansaço e rotina entediante -, as mulheres enfrentam um tabu que os homens já superaram, pois a mulher que se masturba tem intimidade com o corpo e chega ao orgasmo com mais facilidade, mesmo na relação sexual.

POUCO PRAZER

Metade das mulheres tem dificuldades na cama, como dor, falta de desejo e orgasmos raríssimos



A pesquisa da USP revela um dado alarmante: 31% das mulheres nunca se tocaram na vida. Já entre as que se masturbam, praticamente todas atingem o clímax.

Os homens brasileiros têm mais orgasmos que as mulheres - para eles, é dez vezes mais fácil chegar ao ápice -, mas lidam com outros problemas: 48% têm disfunções sexuais que vão de dificuldades de ereção até ejaculação precoce. Os brasileiros são excessivamente preocupados com desempenho, pois alguns homens costumam a procurar um Médico até mesmo preocupados com o volume de esperma ejaculado, visto como símbolo de virilidade. A ejaculação é um fenômeno independente do orgasmo, o que muitos não sabem. O homem pode chegar ao clímax sem expelir esperma, sobretudo se for diabético ou tiver passado por uma cirurgia de próstata e o contrário também pode ocorrer, mas é menos comum, mas quando o homem perde a concentração ou fica tenso, o homem pode ejacular sem ter prazer.

Não adianta fingir

As contrações características do orgasmo duram de poucos segundos a um minuto, no máximo, mas são acompanhadas por intensas mudanças fisiológicas e sinais visíveis no corpo


Uma emoção forte toma conta dos parceiros. Um misto de bem-estar e relaxamento tira o casal temporariamente da realidade

Os músculos se contraem involuntariamente
A pulsação acelera

O coração acelera
Nos homens, os dedões dos pés endurecem e os dedinhos ficam retorcidos
Os pés de ambos os parceiros ficam arqueados e estremecem
Os parceiros se apertam fortemente durante um intervalo de 0,8 segundo durante o pico de prazer

Os genitais incham devido ao fluxo de sangue
Muitas mulheres dobram os dedos dos pés
Homens e mulheres podem ter acesso de riso ou de choro e ficar sensíveis a cócegas (nos homens, essas reações são menos comuns)
Em algumas pessoas, a boca se abre, em outras, a face se contorce
A respiração fica rápida e curta
A narina de ambos os parceiros fica dilatada
Os dois sexos podem experimentar um súbito insight criativo, pois o orgasmo produz atividade na região cerebral ligada à criatividade
Após o orgasmo é comum um prolongado período de exaustão e sono
Como atingir o orgasmo
TREINAMENTO SEXUAL

Não pressione o(a) parceiro(a) a ter orgasmo

A pressão pelo prazer, com expressões do tipo ''Foi bom pra você?'', arruina as relações. Quem não consegue sentir orgasmo com o parceiro sente raiva, frustração e vergonha. A tensão transforma o sexo em uma prática pesada. Quanto mais stress houver na busca pelo ápice, menor a chance de alcançá-lo

Relaxe e goze

O melhor é esquecer que chegar ao orgasmo é o objetivo central do sexo. Tentar alcançá-lo a qualquer preço e em pouco tempo estressa qualquer um. O importante é relaxar e aproveitar o sexo. O orgasmo é decorrência da prática e da capacidade de perceber o que lhe dá prazer.

Caia nas brincadeiras de amor

Sexo só faz sentido se for leve e divertido. Tudo o que causa mal-estar ou pressão deve ser evitado. Distribuir velas ao redor da cama, colocar champanhe sobre o criado-mudo e vestir aquela lingerie de oncinha pode ser algo muito sedutor, mas também pode elevar muito a expectativa (e a responsabilidade) do(a) parceiro(a).

Experimentar, experimentar, experimentar

Pressão não faz bem a ninguém, mas é importante perseguir o objetivo de alguma hora chegar ao orgasmo, de forma paciente e obstinada. Quando não existe uma razão fisiológica que explique a dificuldade de ''chegar lá'', qualquer um pode treinar sua capacidade de atingir o orgasmo.



O Clitóris

Esse desconhecido para muitas pessoas


A natureza fez com que o orgasmo feminino não tivesse de acontecer forçosamente durante a penetração, caso contrário, o clitóris estaria dentro da vagina. O único órgão do corpo humano que não serve para mais nada além de proporcionar prazer é maior e tem mais ramificações nervosas do que se supunha. Possui 8 mil terminais nervosos - o dobro do que existe no pênis.

O homem ocidental médio é ainda ignorante em relação ao Clitóris, pois ele não sabe o que é, onde fica ou o que fazer com ele.A ignorância se manifesta até na pronúncia errada. Tem muita gente boa por aí dizendo CLÍtoris, como se a palavra fosse proparoxítona. A pronúncia correta é cliTÓris.

O Clitóris é uma protuberância situada no topo dos pequenos lábios da vagina, extremamente sensível e erétil. Normalmente se esconde sob um capuz de pele mas quando excitado pode aumentar em até três vezes o seu tamanho.

Do ponto de vista biológico, o Clitóris é diretamente equivalente ao pênis, possuindo inclusive uma glande. De fato, nos primeiros meses após a concepção, a genitália dos fetos feminino e masculino parece ser idêntica. Segundo o Relatório Hite, a maioria das mulheres se masturba manipulando o clitóris e, às vezes, os mamilos e apenas 5% das mulheres introduzem coisas na vagina quando se masturbam.

Um estudo realizado nos Estados Unidos em 1960, com um grupo de mulheres de 19 a 32 anos selecionadas ao acaso, revelou que o tamanho médio do Clitóris em ereção é de 1,9 cm. Nesse grupo, 75% das mulheres possuia um Clitóris entre 0,8 e 3,0 cm de comprimento quando excitado e o maior Clitóris registrado nesse estudo tinha 3,6 cm.

Outro estudo realizado em um hospital americano, com pessoas de 1 a 91 anos, revelou que o Clitóris aumenta de tamanho à medida em que a mulher vai envelhecendo, sendo que o maior aumento de tamanho ocorre entre os 15 e os 19 anos, e depois entre os 20 e os 32 anos. Livros médicos bem atuais mencionam um tamanho médio de 2.5 cm a 4,0 cm de comprimento para mulheres de 20 a 30 anos. Convém também saber que Clitóris grande não têm nada a ver com hermafroditismo nem com a preferência sexual da mulher.

Mas isso é apenas a ponta do iceberg: a parte escondida, a que fica dentro do corpo, tem em média 9 cm de comprimento e cerca de 8.000 terminais nervosos (o pênis tem só a metade disso). Por isso, o Clitóris é um órgão extremamente sensível.


Transtornos da Resposta Sexual



Os transtornos da resposta sexual podem ocorrer em uma ou mais destas fases. Sempre que mais de uma disfunção sexual estiver presente, todas são registradas. Este julgamento deve ser feito pelo Médico, levando em consideração fatores tais como: a idade e experiência do indivíduo, freqüência e cronicidade do sintoma, sofrimento subjetivo e efeito sobre outras áreas do funcionamento.

Transtorno do Desejo Sexual Hipoativo: as fantasias sexuais e o desejo de atividade sexual persistente deficiente (ou ausente). O julgamento de deficiência ou ausência é feito pelo Médico, levando em conta fatores que afetam o funcionamento sexual tais como a idade e o contexto da vida da pessoa.

Transtorno de Aversão Sexual: aversão extrema persistente para evitar todo (quase todo) contato sexual genital com um parceiro sexual.

Transtorno Orgástico Feminino: atraso ou ausência persistente ou recorrente do orgasmo. Após uma fase normal de excitação sexual.

Dispauremia: dor genital recorrente ou persistente associada com o ato sexual, não devida a uma condição médica geral

Vaginismo: contração (em espasmo) involuntária, recorrente ou persistente da musculatura do terço inferior da vagina que interfere no ato sexual, não devido à condição médica geral.

Classificação dos Transtornos Sexuais

As disfunções sexuais podem ser divididas em subtipos em relação à natureza do início da disfunção sexual e em relação ao contexto no qual essa disfunção ocorre.

Quanto à natureza do início da disfunção sexual ela pode ser :

Tipo ao longo da vida: quando presente desde o inicio da vida sexual.

Tipo adquirido: disfunção se desenvolve apenas após período de função sexual normal.

Quanto ao contexto no qual a disfunção sexual ocorre, pode ser:

Tipo generalizado: quando a disfunção sexual não está limitada a certo tipo de estimulação, situações ou parceiros.

Tipo situacional: quando a disfunção sexual está limitada a certos tipos de estimulação, situações e parceiros. Embora na maior parte dos casos as disfunções ocorrem durante a atividade sexual com um(a) parceiro(a), em alguns casos, pode ser apropriado identificar disfunções que ocorrem durante a masturbação.

Outros subtipos podem ser usados para indicar os fatores etiológicos associados com a disfunção:

Fatores psicológicos: quando existem fatores psicológicos que desempenham papel importante no início, gravidade, exacerbação ou manutenção da disfunção sexual e sem causas orgânicas.

Fatores combinados: quando fatores psicológicos supostamente desempenham papel no início, gravidade, exacerbação ou manutenção da disfunção sexual e existe uma condição médica geral ou uso de medicamento.

Tratamentos dos Transtornos da Resposta Sexual

Recentemente cientistas italianos publicaram um artigo na revista científica New Scientist em Londres, que medicamentos para incrementar o prazer sexual e o orgasmo podem ser mais eficientes em mulheres que tenham o Ponto G grande.

A zona erógena conhecida como ponto G, localizada no interior da vagina, ficou famosa por produzir intensos orgasmos. Nela encontram-se as glândulas de Skene, que segregam uma enzima chamada PDE5 (Fosfodisterase-5), que atua na excitação feminina e já foi relacionada à sexualidade masculina.

Se as glândulas de Skene são grandes e há suficiente secreção de PDE5, é possível que medicamentos semelhante ao Sildenafil (utilizado na Disfunção Erétil masculina), para as mulheres com Ponto G pequeno e para as que não o possuem, esses remédios teriam algum efeito, já que a PDE5 também é encontrada no clitóris.

De acordo com as estimativas, 30% das mulheres não têm orgasmo durante a relação sexual. O ponto G recebeu este nome em referência ao cientista Ernest Grafenberg, o primeiro a falar sobre a região, em 1950.

Stress e Sexo

Sexo cura

Pesquisa britânica informa: além do prazer, ele atenua o stress e ajuda a diminuir a pressão arterial

Como se não bastassem os benefícios óbvios, estudiosos descobriram que sexo é bom remédio para alguns males. Pesquisa da
universidade britânica de Paisley com 46 voluntários revelou que o ato sexual ajuda a diminuir a pressão arterial e a atenuar o nervosismo, o stress e a ansiedade. Eles registraram em diários as suas experiências sexuais e tiveram a pressão monitorada. Depois, passaram por situações de stress como fazer conta de cabeça e falar em público. Quem fez sexo com penetração ficou menos estressado em público e recuperou os índices normais de pressão sangüínea mais rápido do que quem se masturbou ou fez sexo sem penetração. O efeito calmante estaria relacionado ao estímulo de nervos durante o ato, entre eles o vago, que influencia os processos psicológicos. A liberação do hormônio oxitocina, ligado à atração, também contribuiria para os resultados.

O Beijo

O Beijo


O beijo" (1887) - Auguste Rodin

Não se sabe quem instituiu o Dia do Beijo e nem ao certo quando o beijo surgiu. Há quem diga que foi no ano 500 antes de Cristo, na Índia. Já Charles Darwin acreditava que o beijo era uma evolução das mordidas que os macacos davam no parceiro nos ritos pré-sexuais.

Há também quem diga que o beijo surgiu das lambidas que os homens das cavernas davam em seus companheiros em busca de sal. Ou ainda uma variante de um gesto de carinho das mulheres das cavernas que mastigavam o alimento e o colocavam na boca de seus filhos pequenos.

Entre os hebreus, o beijo era afetuoso e realizado nas saudações. Também marcava reconciliação ou perdão. Foi também com um beijo que Judas identificou Jesus aos seus perseguidores. ("Jesus, porém, lhe disse: Judas, com um beijo trais o Filho de Deus?" – Lucas, 22:48). O beijo entre os persas simbolizava a classe social. Homens do mesmo padrão de vida se beijavam na boca. Se um dos homens era de classe inferior, o beijo era dado no rosto. Se a diferença de classe era muito grande, o mais pobre se ajoelhava diante do mais rico. Na Idade Média (séculos V a XV), o "beijo da paz", que simbolizava caridade, era usado em muitos rituais como um gesto elitista e exclusivo aos homens. Também marcava o acordo entre senhores feudais e seus vassalos.

A partir do Renascimento, o beijo na boca deixou de fazer parte dos ritos oficiais e sagrados e se tornou exclusivo dos amantes.

O dia internacional do beijo, 13 de abril, foi criado em 1982 pelo Fernando R Sousa, também conhecido como Nandokabala do seu msn, alem de adolescentes norte americanos em uma brincadeira escolar. A brincadeira se espalhou de maneira inexplicada para diferentes regiões do planeta. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dia_do_beijo

Apaixonado, afetuoso, abençoado, entre namorados, entre amigos, de mãe para filho, da filha para o pai, beijo de bom dia, beijo de adeus, beijo de juras eternas de amor. E tem o beijo sem grandes compromissos de quem trocam o namorar pelo ‘ficar’. Nas festas, danceterias e, especialmente, no carnaval, beijar é praticamente um desfecho do ritual da ‘balada’. No entanto o hábito de “ficar”, de beijar várias pessoas, geralmente desconhecidas, em uma mesma noite, não é nada salutar, pois, além de bactérias, o beijo também pode transmitir vírus causadores de doenças.

Além do carinho, do afeto e das emoções compartilhadas durante o beijo na boca, as pessoas trocam saliva (fluido formado por 99% de água e que contém amilase, enzima digestiva que decompõe o amido contido nos alimentos), sais minerais e uma gama de microrganismos, muitos deles causadores de doenças.

Martine Mourier, médica francesa escreveu uma tese de doutorado de mais de 200 páginas sobre os efeitos do beijo no organismo humano, um beijo carinhoso aciona 17 músculos, enquanto outro mais caliente movimenta 29 (12 dos lábios e 17 da língua) . A pressão que o rosto de uma pessoa exerce sobre outra chega a 12 quilos, e pelo menos 250 bactérias fazem um intercâmbio de uma boca para outra. Não vou citar aqui as doenças que o beijo pode transmitir, que são muitas. Por isso da necessidade de um bom cuidado com a higiene bucal.

Por mobilizar 29 músculos da face, um beijo caloroso pode consumir de três a cinco calorias e faz o coração bater mais rápido, podendo chegar a 150 batimentos por minuto; ativa a circulação sanguínea, aumenta a oxigenação nas células, estimula a produção de hormônios como ocitocina (produzida no hipotálamo e armazenada na glândula hipófise, também responsável pela sensação de confiança, calma e bem-estar) e serotonina (secretado por certas células do tubo digestivo e no tecido cerebral).

Além da estimulação da língua, dos lábios e da boca, que nessa hora são as partes mais sensíveis do organismo. Há estimulação da mucosa dos lábios, ela, inclusive, é semelhante à mucosa do pênis e do clitóris, o que lhe permite enviar ao cérebro as sensações percebidas. O cérebro, por sua vez, responde com a liberação de hormônios, preparando o corpo para a atividade sexual.

Então, imaginem a grande importância do beijo para manter o erotismo do relacionamento. Em fatos de consultório quando da procura de ajuda em relação ao relacionamento sexual, a primeira coisa que pergunto é se a parceria se beija. A grande maioria diz que sim: “selinho”, e que o beijo mais quente, se ocorre, é para sinalizar que vai acontecer sexo. Essa é a primeira crença errônea que precisamos desfazer em um casal com queixa sexual! O beijo é o termômetro da relação. É preciso que ele seja praticado durante o dia, com impetuosidade, de língua, para que haja um aquecimento da “fornalha” para o preparo de uma boa atividade sexual. Não é verdade que quando vemos um beijo quente nas novelas, filmes, peças de teatro, ficamos aquecidos? Que tal ser ao vivo!

Beijem muito! Pela manhã, no almoço, no jantar, no caminhar, não esqueçam que o cumprimento erótico mantém acessa a chama do amor e do sexo.

Coletânea sobre o dia do Beijo - Sylvia Faria Marzano

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